CASA-MUSEU FERNANDO NAMORA, CONDEIXA-A-NOVA, 2015 – I

 

 

 

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É uma pequena e mimosa casa aquela que os pais de Fernando Namora arrendaram em meados da década de 1910, em Condeixa, no atual Largo Artur Barreto. No piso térreo, instalaram um comércio de tecidos e passamanarias, no piso superior, a habitação da família.

Foi aqui que nasceu, a 15 de abril de 1919, Fernando Gonçalves Namora, que aí viveu até aos dez anos de idade, iniciando-se no desenho e na pintura. Os seus pais preferem que siga outros caminhos. Em Coimbra faz o curso de Medicina. Enquanto estudante, participa na vida académica e cultural, integra a tertúlia do grupo literário constituído por João José Cochofel, Joaquim Namorado e Carlos de Oliveira, entre outros, e edita as suas primeiras obras de poesia e romance.

Concluído o curso, abre consultório em Condeixa, no entanto exercerá clínica na Beira Interior e no Alentejo, em Pavia, até 1951, quando integra o quadro do Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, onde se manterá até final dos anos 1960, quando decide dedicar-se inteiramente à escrita.

Das suas andanças pelo interior, enquanto médico, a vivência e a experiência humana toca-o profundamente. Esta humanidade está patente em toda a sua obra, mas é talvez em Retalhos da Vida de Um Médico (1949 e 1963) que mais sobressai.

Namora foi também grande pintor, como ressaltam algumas obras expostas na sua casa e o testemunho de tantos outros quadros, oferta de outros artistas amigos, mas é de facto a sua obra escrita que atinge maior vulto: 32 obras publicadas ao longo dos seus 50 anos de vida literária, de 1938 a 1989, quando falece a 31 e janeiro, em Lisboa. Recordo algumas obras: As Sete Partidas do Mundo (1938), Minas de San Francisco (1946), A Noite e a Madrugada (1950), Diálogo em Setembro (1966), Sentados na Relva (1986)…

A casa onde nasceu veio a ser adquirida pelo Município, que a transforma em Casa-Museu, inaugurou em 30 de junho de 1990, onde se apresenta parte do seu espólio: logo à entrada, uma fotografia de Eduardo Gageiro e lá estão os seus prémios, condecorações, os livros de prata e de ouro, o seu escritório (no próximo post), trazido da casa de Lisboa, o diploma do curso médico, manuscritos, anotações e revisões de obras, os seus cartões, a sua biblioteca, pinturas, como a Vista de Pavia, dos anos 50.

No próximo post um olhar sobre o escritório de Namora.