O CHELSEA HOTEL (D)E RITA BARROS
A exposição “BOHEMIA – Vida e Morte no Chelsea Hotel“, é uma exposição retrospetiva da obra de Rita Barros, com curadoria de Jorge Calado, está patente de 15 de setembro a 15 de novembro na Biblioteca da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, no Campus da Caparica.

Rita Barros, Eye on the roof, da série Displacement, 2012, exposto na Biblioteca da UNL
Há espaços que nos são particularmente especiais e queridos, tocam-nos por alguma razão, nomeadamente porque neles vivemos um parte significativa da nossa vida ou momentos importantes, ou porque associamos a eventos culturais ou históricos que nos fazem merecer respeito, carinho ou admiração.
Rita Barros, Chelsea Hotel, em exposição na Biblioteca da UNL
O Chelsea Hotel foi criado em finais do séc. XIX, transformando-se em hotel em 1905, fica situado na Rua 23, entre a 7.ª e a 8.ª Avenida, no coração de Manhattan, em Nova Iorque.
Rita Barros, Chelsea Hotel, 1999, detalhe, exposto na Biblioteca da UNL
O hotel parece uma casa de bonecas, de onze andares, com as suas paredes de tijolo vermelho e as guardas em ferro.
Rita Barros, Chelsea Hotel, 1999, exposto na Biblioteca da UNL
Foi e é residência permanente de numerosos vultos da cultura norte-americana e internacional: escritores, pintores, dramaturgos, atores, realizadores, compositores e artistas rock e pop viveram e criaram lá algumas das suas melhores obras:
Rita Barros, vários artistas que passaram pelo Chelsea Hotel,
ao centro: Keith Richards at the Chelsea Hotel, 1989, em exposição na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Arthur Miller outside the Chelsea Hotel, 1992, Allen Midgette outsider the Chelsea Hotel,2000
e Dee Dee Ramone at the Chelsea Hotel, 1992, exposto na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Woody Allen no Chelsea Hotel, exposto na Biblioteca da UNL
Algumas destas fotografias fazem parte do livro Fifteen Years: Chelsea Hotel: Quinze Anos, edição da Câmara Municipal de Lisboa, de 1999, onde Rita Barros retrata mais de 50 vultos que residem no hotel.
Rita Barros fotografou também Nova Iorque, nomeadamente as pontes:
Rita Barros, View from the bridge, 1998, em exposição na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Pontes, Nova Iorque, revista Atlantis, em exposição na Biblioteca da UNL
e também a cidade, mas sobretudo, a partir de 2003, o seu espaço quotidiano e pessoal:
Diversos livros e publicações de Rita Barros
Mas voltemos ao Chelsea Hotel, o centro da vida e da fotografia de Rita Barros:
Rita Barros, Chelsea Hotel, 1999, em exposição na Biblioteca da UNL

O Hotel foi vendido em 2011 e “fechou ao público. Os novos donos iniciaram uma campanha de intimidação aos residentes de longa data (100 pessoas) ao mesmo tempo que deram início a demolições extensivas dos quartos não ocupados”, refere Rita Barros.
Os novos proprietários, mais que valorizar um “edifício classificado como de interesse arquitetónico e cultural”, um espaço vivo de cultura, enquanto espaço residencial, só por si mereceria o seu mérito e preservação. Algo fica da passagem de tantos vultos por esse espaço: fica no ar, no ambiente, no próprio espaço: nas cores e em peças de arte aí produzidas ou que integram o hotel.
Atrevo-me a pensar que poderia ser também, para além de hotel – onde qualquer um poderia dormir num quarto que já foi de um vulto das artes ou da cultura –, ser um espaço expositivo, de debate ou discussão de ideias, de produção cultural. E neste espírito, será que os novos donos não estão a matar a galinha dos ovos de ouro?
Tijolos provenientes do Chelsea Hotel, em exposição na Biblioteca da UNL
Por outro lado, surpreende-me que a Câmara de Nova Iorque e o seu “Mayor”, não estejam atentos àquele espaço e, tanto como os residentes (presentes, passados e, porque não, futuros), preservá-lo e dinamizá-lo, valorizando o espírito único que adquiriu ao longo de várias décadas.
Nestes últimos anos, sobretudo desde 2012, Rita Barros mostra a destruição e o esvaziar do Hotel ao nível dos seus espaços e ambientes:
Rita Barros, da série Displacement, em exposição na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Dancing on the roof, 2013, em exposição na Biblioteca da UNL
Para além dos residentes no Chelsea Hotel, e do próprio Hotel, Rita Barros fotografa o seu quotidiano, pequenos episódios ou momentos, sobretudo a partir de 2003, em fotografias isoladas ou séries, estas que apresenta em Livros de Artista, também presentes:
Rita Barros, Green Couch, da série Room 1008, 2000 (nos 40 anos de “2001: A Space Odyssey”), detalhe, em exposição na Biblioteca da UNL

Rita Barros, The Last Cigarrette, 2009, exposto na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Silence, 2004, exposto na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Falling, 2003 e Blackout, 2003, expostos na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Spiderwebll, 2008, exposto na Biblioteca da UNL
Rita Barros, M. Luisa, 2009, exposto na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Passing Through, 2003, exposto na Biblioteca da UNL
Houve oportunidade de ver na Galeria Pente 10, em Lisboa, além de alguns destes Livros de Artista, as séries A Presença da Ausência (11.11.2008 a 10.01.2009), catálogo com textos de Rene Ricard e Jorge Calado e 3×3 (25.02 a 23.04.2010), catálogo com texto de António Calpi, onde Rita Barros mostra fragmentos dos seus espaços, da sua vida, cheios de cor:
Rita Barros, Sapato, série Presença da Ausência, 2006, em exposição na Biblioteca da UNL
Rita Barros, Chávena de café, série Presença da Ausência, 2006, em exposição na Biblioteca da UNL
Há ainda oportunidade de ver alguns vídeos onde o Chelsea Hotel é de novo o centro e a razão de ser.
Rita Barros na Biblioteca da UNL, 2014
Rita Barros nasceu em Lisboa, vive desde 1980 no Chelsea Hotel, em Nova Iorque. Fotógrafa, é professora adjunta de fotografia na New York University, onde no International Center of Photography fez o mestrado em “Art in Media”, Fotografa dsde meados dos anos 1980.
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