LILIPUT: O MURMÚRIO DE MIDE PLÁCIDO

Murmúrio #03

.

.

.

O projecto LILIPUT, com curadoria de Susana Paiva e produção do Atelier Pop-Up, desenvolve-se em dois movimentos, o primeiro dos quais “Murmúrio”, tem lugar na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, através de doze postais. O terceiro é de Mide Plácido, foi distribuído no mês de junho de 2025.

.

.

.

Mide Plácido, Projecto LILIPUT – murmúrio #03

.

.

.

A imagem do rosto olha-nos.

Olha-nos / olho os olhos,

O rosto a expressão,

A textura

A pele a pedra

Os traços…

Que me murmura?

.

António Bracons

.

.

.

O Projeto LILIPUT – murmúrio e [in]visibilidade

Curadoria | Susana Paiva

Produção | Atelier POP-UP

Parcerias | Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian e Galeria Santa Maria Maior

.

Vivemos num tempo de excessiva visibilidade. A imagem, outrora indício de memória e documento do invisível, tornou-se resíduo constante de um presente que se reproduz compulsivamente. Neste contexto, o olhar – sobrecarregado, automatizado, anestesiado – perde espessura, profundidade e cuidado. É neste cenário que nasce o Projeto LILIPUT, gesto curatorial que ensaia, em duas micro-ações fotográficas, uma proposta de reencontro com um olhar atento, pausado, sensível.

Concebido por Susana Paiva e produzido pelo Atelier POP-UP, LILIPUT não se apresenta como uma exposição no sentido tradicional do termo. A sua presença é subtil, quase clandestina. Os seus suportes – postais fotográficos – circulam livremente, fora das vitrines e dos formatos convencionais. O seu objetivo não é o espetáculo, mas o vínculo – o encontro íntimo entre imagem e espectador, mediado pela surpresa, pelo afecto e pela disponibilidade interior de quem se deixa tocar.

O projeto desenrola-se em dois tempos e dois espaços, ambos significativos – a Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian e a Galeria Santa Maria Maior, em Lisboa. Espaços de leitura e pensamento, de silêncio e partilha, onde a imagem encontra interlocutores predispostos ao diálogo.

.

Uma prática curatorial do encontro

Mais do que um projeto de fotografia, LILIPUT é uma proposta de mundo – um ensaio curatorial sobre o modo como habitamos a imagem e somos por ela habitados. Ao semear imagens em lugares de trânsito intelectual e emocional, LILIPUT recupera o potencial poético da fotografia como forma de encontro: entre autor e leitor, entre visível e invisível, entre o gesto criativo e o gesto de acolhimento.

Esta curadoria do pequeno – do subtil, do mínimo – é também uma forma de protesto contra o ruído dominante. Uma tentativa de devolver ao olhar a sua densidade ética e estética. E, sobretudo, um apelo: para que se veja com tempo, com cuidado, com presença.

Neste tempo de ruído e excesso, LILIPUT sussurra. E talvez seja no murmúrio que hoje mais precisamos de ouvir a imagem..

.

.

Movimento primeiro – “Murmúrio”, na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (2025–2026)

O primeiro movimento de LILIPUT, intitulado “Murmúrio”, habita a Biblioteca como um sussurro. Os postais são discretamente inseridos entre páginas, publicações, prateleiras – à espera de serem descobertos por acaso. Esta lógica do encontro fortuito reforça a ideia de um circuito alternativo da imagem, onde a obra não é apenas vista, mas descoberta. Cada um dos 12 autores contribui com uma imagem singular, impressa em 150 exemplares, totalizando 1800 pequenos objetos poéticos prontos a serem apropriados pelo público.

A inscrição “este postal coleccionável é para si” legitima esse gesto de apropriação, enquanto um código QR conduz a uma página digital que expande o conteúdo, oferecendo informação adicional sobre os autores e os seus trabalhos.

Neste primeiro movimento, a fotografia torna-se presente e partilha – um exercício de resistência sensível contra a saturação. Um apelo ao tempo longo da leitura, à escuta do visível, à fruição desobrigada de espetáculo.

Autores participantes, por ordem de publicação: Susana Paiva, Francisco Ricarte, Mide Plácido, António Alves Martins, Mircea Sorin Albutiu, Mário Pires, Jose Zyberchema, Paula Arinto, Paulo Alexandrino, Arlindo Pinto, Clara Azevedo e Elisabeth Vieira Alvarez.

A distribuição dos postais decorrerá entre Abril 2025 e Março 2026, com a disponibilização mensal, nas instalações da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, de 150 exemplares de um dos postais.

.

.

.

Pode conhecer mais sobre a obra de Mide Plácido, aqui e no FF, aqui.

Sobre este Projeto no website do Atelier Pop-UP, aqui, no website Fundação Calouste Gulbenkian, aqui.

.

Cortesia: Susana Paiva e Atelier Pop-Up

.

.

.