O PRESÉPIO. FELIZ NATAL!
Em 2023 celebram-se 800 anos da criação do presépio (1223-2023). Feliz Natal!
.
.
.
A celebração do Natal deste ano, recorda-nos que, há 800 anos, em 1223, S. Francisco de Assis teve a iluminação de representar o primeiro Presépio.
O Papa Francisco, na Carta Apostólica Admirabile Signum (Sinal Admirável), sobre o significado e o valor o presépio, dada em Gréccio, a 1 de dezembro de 2019, afirma:
.
O SINAL ADMIRÁVEL do Presépio, muito amado pelo povo cristão, não cessa de suscitar maravilha e enlevo. Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. De facto, o Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele. (AS, 1)
A origem do Presépio fica-se a dever, antes de mais nada, a alguns pormenores do nascimento de Jesus em Belém, referidos no Evangelho. O evangelista Lucas limita-se a dizer que, tendo-se completado os dias de Maria dar à luz, «teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria» (2, 7). Jesus é colocado numa manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde vem a nossa palavra presépio. (AS, 2)
Passemos agora à origem do Presépio, tal como nós o entendemos. A mente leva-nos a Gréccio, na Valada de Rieti; aqui se deteve São Francisco, provavelmente quando vinha de Roma onde recebera, do Papa Honório III, a aprovação da sua Regra em 29 de novembro de 1223. Aquelas grutas, depois da sua viagem à Terra Santa, faziam-lhe lembrar de modo particular a paisagem de Belém. E é possível que, em Roma, o «Poverello» de Assis tenha ficado encantado com os mosaicos, na Basílica de Santa Maria Maior, que representam a natividade de Jesus e se encontram perto do lugar onde, segundo uma antiga tradição, se conservam precisamente as tábuas da manjedoura.
As Fontes Franciscanas narram, de forma detalhada, o que aconteceu em Gréccio. Quinze dias antes do Natal, Francisco chamou João, um homem daquela terra, para lhe pedir que o ajudasse a concretizar um desejo: «Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incómodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro».[2] Mal acabara de o ouvir, o fiel amigo foi preparar, no lugar designado, tudo o que era necessário segundo o desejo do Santo. No dia 25 de dezembro, chegaram a Gréccio muitos frades, vindos de vários lados, e também homens e mulheres das casas da região, trazendo flores e tochas para iluminar aquela noite santa. Francisco, ao chegar, encontrou a manjedoura com palha, o boi e o burro. À vista da representação do Natal, as pessoas lá reunidas manifestaram uma alegria indescritível, como nunca tinham sentido antes. (…) Em Gréccio, naquela ocasião, não havia figuras; o Presépio foi formado e vivido pelos que estavam presentes.[3] (…) Daquele Presépio do Natal de 1223, «todos voltaram para suas casas cheios de inefável alegria»[4]. (AS, 2)
(…) o Presépio (…) educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está connosco e nós com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria. E educa para sentir que nisto está a felicidade. (AS, 10)
.
[2] Tomás de Celano, Vita Prima, 85: Fontes Franciscanas, 468.
[3] Cf. ibid., 85: o. c., 469.
[4] Ibid., 86: o. c., 470.
.
.
Desde então, ao longo dos tempos, a representação do presépio é feita de múltiplas formas, como este presépio, da família C., em que as figuras representam os vários elementos da família, com as suas atividades e gostos.
.
.
Para
todos,
todos,
todos,
os votos de um Santo e Feliz Natal, cheio de Paz, Serenidade, Confiança e Luz!
.
.
.

António Bracons, Presépio, 2023
.
.
.
Pode ler a Carta Apostólica Admirabile Signum, aqui.
.
.
.
Uma iniciativa muito original e cheia de beleza estética , de cultura, de ciência e de espiritualidade! A continuar
Obrigado.