ALBERTO PICCO, MARGEM, 2018

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Alberto Picco

Margem

Fotografia: Alberto Picco / Texto: Alberto Picco (manuscritos), Francisco Varela

Lisboa: Hugglybooks / Setembro . 2018

Coleção: Cidade Limiar #01

Português e inglês / 13,4 x 21,0 cm / 48 pág., não paginado

Cartonado / Edição normal + 25 ex. ed. Especial, numerados e assinados que incluem uma prova original (5 x 5 diferentes)

ISBN: 9781388201036

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Alberto Picco-Margem (1)

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Sobre o seu percurso e este projeto, escreve Alberto Picco:

No seguimento dos meus projectos sobre os territórios e as suas paisagens na última década do século XX, e desde o ano de 2006 que, da exploração da web (pesquisa de dados e participação em redes), venho desenvolvendo mapas psicogeográficos dos territórios urbanos, que se articulam com a memória, o lugar, e a procura de identidade.

As derivas efectuadas ao longo de mais de quarenta anos de habitar a cidade de Lisboa e alguma da sua área metropolitana, levaram-me naturalmente a querer pesquisar ordenada e metodicamente este território: a sua ocupação, o seu uso, o seu abandono e, às vezes, a sua recuperação e transformação.

Considero-me um estudioso diletante da cidade, produtor de reflexões e ensaios. Utilizo a fotografia, como meio de expressão. Com os seus instrumentos, técnicas e suportes vários. Em inter(hiper)ligação com outras áreas cientificas e culturais. Tenho formação nas áreas da comunicação e artes visuais e faço pesquisa interdisciplinar onde procuro compreender a construção do espaço a partir da fotografia e utilizá-la como forma de intervir esteticamente nos espaços construídos.

Os meus pontos de vista tiveram expressão nas exposições “Litorais” (1994), “Tajo_Tejo” (1998), “Paisagem Fim de Século” (2002) e “Onde_Where” (2009) e nos fotolivros  “LX365D_#0” e “Margem” (2018).

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Francisco Varela escreve o ensaio da obra:

Território – Fotografia – Território

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A fotografia do território, nunca foi um exercício inocente de documentação do espaço, mesmo desde Carleton Witkins (1829-1916), quando a fotografia se legitimava com a sua (dúplice) semelhança com a realidade ou o referente. Antes de mais, estamos perante a construção de uma ideia de espaço, ou seja, é a fotografia que constrói uma noção de espaço e não o contrário. Dai que a leitura do espaço se realize a partir da montagem em cena da fotografia e tratando-se sempre de um ponto de vista fotográfico, mesmo quando este encerra questões de outras disciplinas.

Mesmo quando praticada pelos cientistas sociais (antropólogos, geógrafos, etc.), a fotografia do território só adquire potência quando assume um valor/posicionamento fotográfico. Desde os anos 60 que a fotografia do território tem sido impulsionada por preocupações e agendas disciplinares vindas desde os estudos culturais à arquitectura e ao planeamento. Os pontos-chave desta contaminação são vários desde o livro “Suburbia” de Bill Owens, o  “Every building on the sunset strip” de Ed Ruscha, a exposição “A man altered landscape”, à exploração de temas mais próximos como os “terrain vague”, as “periferias” e mais recentemente a descoberta dos espaços heterogéneos, multiformes, que se vão corporizando como “rizomas” e “espaços informais”. Tudo isto a fotografia do território foi perseguindo, num modo nem sempre enquadrável, ortodoxamente, no “estilo documental”.

Um caso paradigmático da fusão da fotografia com outros campos – como o planeamento e as artes plásticas – é o caso do trabalho seminal de Lewis Baltz, em ensaios como “Tract houses” ou “The new industrial parks near Irvine”, onde não distinguimos entre a exploração das novas urbanidades da cidade extensiva, como o “sprawl”, das ressonâncias que nos remetem para a arte conceptual e minimalista (Donald Judd, e.g.).

Por outro lado, o ensaio fotográfico mantem a capacidade de ampliar sentidos – até de caracter metafísico – dos cenários arquitectónicos, mesmo daqueles intensamente impregnados de intencionalidade autoral, como é o caso da Tomba Brion de Carlo Scarpa, reequacionada por Guido Guidi.

É, como aqui, “Margem”, neste espaço ou hiato, entre a leitura imediata do sentido político ou significado disciplinar do território e a sua dimensão fotográfica (que se joga na duplicidade entre o “dentro” da imagem e o plano da sua superfície), que perdemos as conexões óbvias e assim nos libertamos para, meditando, descobrir sentidos, por vezes insondáveis, na aparência fotográfica.

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Alberto Picco, Margem, 2018

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Alberto Picco [1950, Buenos Aires]. Vive actualmente em Lisboa.

Com formação e prática eclética nas Artes Visuais desenvolve pesquisa sobre o Território e a Memória, utilizando a Fotografia como meio de expressão.

Está representação em Colecções: Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian | Biblioteca Nacional de Lisboa | Centro Português de Fotografia | Fundação PLMJ | Galeria Diferença | Galeria EFTI (Madrid) | Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (Brasil) | Museu da Câmara Municipal do Montijo | Museu de Fotografia Ken Damy [Brescia, Itália] | O Museu Temporârio (Portfolios de Fotografia Contemporânea – Luis Serpa).

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Pode conhecer melhor o trabalho de Alberto Picco no FF, aqui.

Pode ver o 2.º volume da coleção Cidade Limiar, “Poética”, de Susana Paiva, aqui e o 3.º volume, “Open House”, de Paula Arinto, aqui.

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