ANTÓNIO BRACONS, MOSTEIRO DE ODIVELAS, INSTITUTO DE ODIVELAS, 2019 – 1
Dia 9 de março completaram-se 120 anos da fundação do Instituto de Odivelas (1899) e o centenário da AAAIO – Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas (1919).
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António Bracons, Mosteiro de Odivelas, Instituto de Odivelas, 2019
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Em 1898, um grupo de oficiais, preocupados com o destino e o futuro das órfãs de oficiais mortos no Ultramar, decide juntar-se, quotizar-se e criar em Portugal uma instituição idêntica ao Collège de la Légion d’Honneur, fundada por Napoleão Bonaparte, para acolher e educar as órfãs de oficiais. Tinha nascido a primeira grande obra de solidariedade das Forças Armadas Portuguesas.
No ano seguinte, a 9 de Março [de 1899], o rei D. Carlos assinou o decreto de aprovação do estatuto do Instituto Infante D. Afonso. A 14 de Janeiro de 1900 o Instituto foi inaugurado solenemente, com dezassete alunas. À inauguração assistiu a família real, que assinou o auto de inauguração. As aulas começaram de imediato.”
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O Instituto de Odivelas, designação que toma com os novos estatutos de 1942, aqui funcionou, no Mosteiro de S. Dinis e S. Bernardo, mais conhecido por Mosteiro de Odivelas, até 2015. Desde então o Mosteiro ficou devoluto.
A negociação da transição da sua gestão pelo Município de Odivelas, por um período de 50 anos, prolongou-se, sendo aprovada já em 2019.
Neste âmbito, o município criou no passado dia 9 de março, data em que se comemora quer os 120 anos da fundação do Instituto de Odivelas, quer o 1.º centenário da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas (AAAIO), um dia aberto, procurando ter a opinião da população relativamente à sua utilização futura.
Foi possível, a par de diversos eventos culturais, percorrer a maior parte das salas do que foi o Instituto de Odivelas, incluindo salas de aula, dormitórios, balneários e outros espaços.
Vazado da quase totalidade do mobiliário e dos testemunhos da vida como Instituto, restam os espaços vazios, aguardando uma nova vida.
Entre os muitos visitantes era possível perceber algumas antigas alunas recordando vivências, espaços, avivando memórias…
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Passo pela secretaria, pelas salas de aula, inclusive de culinária, pela cozinha e pela grande sala de jantar, onde as cerca de 300 alunas tomavam as suas refeições, em conjunto.
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Um pouco da história da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas
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A instrução oficial feminina estava nessa época [início do séc. XX] muito descurada em Portugal, limitando-se ao ensino primário.
A administração do Instituto decidiu, porém, que o ensino secundário ali fosse igualmente ministrado; assim, completada a instrução primária, as alunas transitavam para o ensino secundário, com a duração de três anos, seguindo-se o método e os livros adoptados no país. Além das disciplinas obrigatórias do ensino secundário oficial, as alunas tinham também educação religiosa e moral, assim como aulas de ensino doméstico, considerado indispensável a uma completa educação feminina.
Também muito importante para as alunas foi a decisão de se implementar o ensino profissional para que as educandas saíssem do instituto aptas a desempenhar uma profissão.
Em 1904, um decreto real equipara o Instituto Infante D. Afonso ao Real Colégio Militar, passando também a receber filhas de oficiais ainda vivos, mediante o pagamento duma mensalidade variável consoante a patente.
Em 1919, por iniciativa do então director do instituto, Coronel Ferreira de Simas, foi criada a Associação das Antigas Alunas do Instituto Feminino de Educação e Trabalho, a qual fez parte da sua importante obra social.
A associação é uma instituição de cariz humanitário, tendo por fim realizar a assistência material e moral às antigas alunas (A.A.). As preocupações principais do fundador eram que todas as A.A. fossem sócias, que se criasse um lar para as A.A. e que se organizassem reuniões de confraternização. O lar era uma instituição essencial para que as A.A. tivessem onde se instalar, sobretudo as da província, quando necessitassem de se empregar na capital.
Ao princípio, a actividade da associação limitava-se à cobrança de quotas e alguns auxílios, como pequenos subsídios ou empréstimos. Foi somente no início da década de setenta do séc. XX que a associação foi reactivada, com a primeira intenção de se organizar e fortalecer para depois criar um lar. Inesperadamente, porém, surgiu a oportunidade de se arrendar, em Odivelas, um palacete, antigo pavilhão de caça do início do século XIX, situado na Rua Alexandre Braga. Aí passou a funcionar a sede em 1971, e se instalou posteriormente a Nossa Casa, graças a subsídios diversos: eram três pisos com amplas divisões, algumas delas bastante valorizadas pelas suas decorações nos tectos e nas paredes e um parque arborizado. Depois de verificadas as condições existentes para um lar da terceira idade pelos Serviços Sociais das Forças Armadas, foi concedido à Associação um subsídio mensal que possibilitou a abertura do Lar em 1974.
Cerca de três décadas mais tarde foi necessário procurar uma nova morada e o Lar esteve instalado no Forte de São João das Maias, em Oeiras, durante cinco anos. Graças à perseverança das diversas direcções e à enorme onda de solidariedade de A.A., antigos alunos do C.M. e técnicos, (…) foi possível construir a Nova Casa no Largo da Luz, em Carnide. Inaugurada no dia 14 de Janeiro de 2010, é aqui que se encontra actualmente o Lar e onde se desenvolvem muitas das actividades da Associação.
A AAAIO está registada como IPSS desde 1989 e goza do estatuto de Pessoa Colectiva de Utilidade Pública desde 1990.
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Pode conhecer melhor o Mosteiro de Odivelas no Fascínio da Fotografia, aqui.
Pode conhecer melhor a AAAIO, aqui.
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